sábado, 25 de abril de 2009

Minhas peripécias em Rio do Fogo


Sim, a foto aí em cima é de Rio do Fogo (pescada na internet e com crédito). Mas não. Não tem nada a ver com a história que eu vou contar. Segue:

Desde a última eleição municipal, em Natal, eu achei que já havia visto os maiores horrores da política. O vereador mais votado é um apresentador de televisão palhaço, que não se comove nem um pouco com a perda de milhares de vidas que ele noticia em seu programa dançando agarrado a uma garrafa de vinho. A bonitinha gostosa, que nos três primeiros meses do ano mal apareceu na Câmara porque, por certo, achou q o veraneio só terminava em março. Isso sem falar na reeleição de vários indiciados pela Operação Impacto, que provou a venda de votos na votação do Plano Diretor de Natal.

Pois bem, já deu pra perceber que parecia que já tinha visto todos os tipos de anomalia política. Mas aí, fui convidada pelo diretor Paulo Martins, do Sindsaúde a cobrir um ato público em Rio do Fogo onde, dizia ele, o prefeito havia demitido 135 servidores concursados do município e, colocou em seu lugar outros, sem concurso público, provavelmente, seus afilhados políticos.

Pois bem, devido à chuva e uma decisão judicial que chegou em cima da hora a manifestação foi desmarcada. Mas ficamos para acompanhar a sessão da Câmara onde seria dada a boa notícia aos servidores.

Os sustos começaram no início da sessão, ao entrar em um galpão, cheio de cadeiras brancas, daquelas de plástico que a gente senta nos bares, e o local de plenária dos vereadores repleta de carteiras, daquelas de colégio, onde os vereadores sentaram em forma de “U”. De certa forma, o susto passou depois da ponderação: realmente o dinheiro público é para ser investido na cidade, em melhorias para a população não em ostentação em Câmaras bonitas, mas....

A sessão foi aberta pelo presidente da casa. Aos poucos descobri que ele era filho do prefeito. Um cara bem apessoado. Diria até bonitão. Não mais que 25 anos. Moreno. Cavanhaque. Brinquinho na orelha. E que dava uma piscadinha para todas as meninas que entravam na Câmara.

O púlpito só foi usado pelo secretário parlamentar para a leitura da Ata da sessão e outros atrasos na leitura da decisão judicial. A Ata, por sinal, não foi aprovada. O engraçado é que o “líder da oposição” um homem com cara de cachaceiro e vermelho, que chega dava medo da pressão dele tá uns 30 X20, não aprovou porque votou contra um projeto aprovado na sessão anterior. Ou seja, ele queria votar de novo. Mas a Ata não é para registrar os acontecimentos da sessão? Enfim, ele convenceu outros três, aos quais ele chamou de “minha bancada” a votar contra. Inclusive uma mulher que havia acabado de chegar e após dar boa tarde a todos disse logo: sou contra.

As enrolações continuaram. Foi lido todo o regimento interno que seria modificado pela Comissão de Constituição e Justiça. Nessa mudança, uma me chamou atenção. A Casa só tinha uma sessão por mês. Na última sexta-feira, às 16 horas. Pois isso irá mudar, chegando a NO MÁXIMO quatro por mês e nas quartas-feiras, às 19 horas. Não é o MÁXIMO? Sem comentários.

Aos pouco descobri outros parentescos. O vice-prefeito, que por sinal é funcionário do Walfredo Gurgel e sócio do Sindsaúde, estava presente na sessão, onde foi acompanhar sua esposa, que é vereadora na cidade. Um dos vereadores da oposição é soldado da polícia militar. Por ironia foi à sessão com a viatura de trabalho. Uma moto da Rocam que ficou todo o tempo estacionada na porta da Câmara.

Enfim, houve outros momentos engraçados como quando um vereador que foi defender um requerimento dizendo que ele deveria ser aprovado por ser muito bom, à La Lady Kate. Mas isso dá pano pra outra história que depois eu conto. Até porque a volta pra casa foi outra aventura....