Quando era mais nova alimentava a ideia de ser escritora. Sempre adorei criar histórias, ou estórias, seja lá como elas são escritas hoje. Fato é que criava minhas obras de ficção, mas as deixava na minha cabeça. Diga-se de passagem, fazia isso com outro dom que também tive quando criança e hoje não domino mais. O de compositora. Talento esse que me fez ganhar vários festivais de música na escolinha em que estudava, mas isso é assunto pra outra (e)história.
Enfim, as obras foram se esfarelando nessa cabeça que ao longo dos anos foi sendo diluída pelo álcool, a idade e as obrigações do dia-a-dia.
Depois que aderi ao automóvel como meio de transporte e abandonei os fervilhantes ônibus foi que percebi como estava perdendo as histórias que realmente poderiam fazer parte do meu futuro literário.
Hoje, dizem os que ainda padecem desse sofrimento (ou seria divertimento), andar de ônibus é quase um suplício devido aos celulares com músicas de altíssima qualidade que pulam das cinturas de pessoas de qualidade ainda mais duvidosa em alto e bom (?) som.
Mesmo assim, ainda sinto falta de passar aquelas horas diárias ouvindo os desabafos de namoradas traídas, trabalhadores atrasados inventando mentiras para os chefes, homem contando “goga” pros amigos, trocador se lamentando da falta de educação do povo, enfim. Histórias que se bem observadas nos levam a viagens interessantes.
Mesmo que digam que o trânsito causa estresse, vos confidencio que o ônibus me estressava mais. Não porque eu ficasse preocupada com atrasos ou com o aperto dentro do coletivo, mas porque eu me envolvia com as histórias alheias. Sentia vontade de tentar solucioná-las, de opinar. E acho que, por isso mesmo, evitava falar delas.
Pois tudo isso era pra dizer que tentarei mais uma vez ressuscitar este humilde blog com algumas histórias cotidianas que me dê vontade de escrever. Quem sabe da próxima vez que você passar por aqui tenha coisa nova e interessante pra ler.
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