Modestos comentários sobre livros e filmes de uma jornalista que não tem pretensão alguma de virar crítica...
domingo, 30 de outubro de 2011
Eu não sou água...
Assisti ontem o musical “É com esse que eu vou” de Charles Moeller e Claudio Botelho. Somente uma palavra define: sensacional. Eu tenho um costume estranho. Quando gosto muito de uma coisa saio indignada. Mas não indignada de ter sido presenteada com um show tão maravilhoso. Mas indignada porque mais gente não teve a mesma oportunidade (a primeira vez que me aconteceu isso foi assistindo o meu primeiro show da cantora potiguar Khrystal, mas isso já é outra história).
O Teatro Alberto Maranhão na noite de sábado estava com pouco mais de um terço dos lugares tomados. E eu ali, embasbacada, tinha na mesma fileira que eu, mas com alguns lugares de distância: Sèrgio Cabral. Um dos maiores pesquisadores do samba carioca. Sérgio, juntamente com Rosa Maria Araújo assinam a pesquisa que deu origem ao musical.
Ah sim. O espetáculo é um musical que retrata o período em que a Prefeitura do Distrito Federal (então o Rio de Janeiro) promovia os concursos de marchinhas de carnaval. O espetáculo foi dividido em temas que se opõem e se completam: rico x pobre, orgia x trabalho, cidade x morro, tristeza x alegria, solteiro x casado x feminismo x machismo, briga x paz e um bloco totalmente dedicado à apologia ao samba (o mais animado por sinal).
Durante as quase duas horas e meia de espetáculo o espectador faz uma verdadeira viagem pela Lapa, com os elementos que compõem o cenário, mas principalmente pelos arranjos musicais dirigidos pelo maestro Luís Felipe de Lima, que segura em grande estilo o violão de sete cordas.
Tudo muito lindo, tudo muito bom, mas o mais surpreendente de tudo, na minha humilde opinião foi o elenco. PUTA QUE O PARIU. Que vozes são aquelas. Tão perfeitas e afinadas que quando iniciou-se o espetáculo tive a sensação de serem previamente gravadas, dúvida que se diluiu com o decorrer do texto.
O elenco não foi o mesmo anunciado previamente. Mas adorei a surpresa ao ver Juliana Diniz no palco. Que voz doce e suave. E a beleza da neta de Monarco é algo a parte. Cheguei a comentar com minha rmã que o cachê dela deve ser dobrado, porque é um pra ela e outro pra bunda.... Mas enfim.
Gratíssima surpresa foi ver Beatriz Faria, a filha de Paulinho da Viola e com tantos outros músicos competentes na família dar um show no palco. Beleza que foi ofuscada pela qualidade vocal da figura que deu um baile.
A outra voz feminina do espetáculo é de Sheila Matos. Artista já conhecida do grande público que já deu o ar da graça em pequenos papéis da rede Globo. A moça também não deixou nada a desejar e segurou a peteca entre tantos.
As quatro vozes masculinas presentes no palco também são dignas de aplausos de pé do bonequinho. Cada uma mais bonita e mais afinada que a outra. Pedro Paulo Malta e Alfredo Del Peno são atores incontestáveis e sua no palco nos lembrava que se tratava de uma peça e não apenas de um show musical. Mas as vozes de Marcos Sacramento e Makley Matos me impressionaram de verdade. Makley, confesso, também levou meu coração com um tom extremamente semelhante ao de João Nogueira, com uma ginga de gafieira apaixonante e com uma voz que me levava à Lapa a cada canção.
Pois é. Hoje teve de novo. E não sei como está a ocupação do teatro. Fico triste, pois se um espetáculo deste porte viesse ao Teatro Riachuelo, a elite vazia da cidade iria, apenas pelo status do passei à noite com a possibilidade de depois se refestelares no Guinza ou no Camarões. Mas o TAM ainda é uma das coisas mais lindas que podemos apresentar aos artistas de fora.
Por fim, valeu muito a pena comemorar o centenário de Nelson Cavaquinho ali, cercada de feras, e encantada pelo poder da criação. Salve o Samba!
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