quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Vida de jornalista

Ser jornalista no Brasil não é fácil. No RN ainda acho pior. Isso porque estamos em um estado com uma população relativamente grande, mas que ainda vive com uma mentalidade de província. Aqui, o jornalismo defende ideiais políticas. Nao que isso seja errado, o errado é isso não ser dito de forma clara e objetiva à sociedade. Estamos sempre tentando burlar o patrão para colocar o interesse do povo em primeiro lugar, o que é bem difícil.

Aqui também enfrentamos o pior piso salarial do Brasil. Muitos dirão que pelo menos o custo de vida por essas bandas não é dos mais altos, viver com R$ 2 mil em Sampa deve ser pior que viver com os R$ 900 aqui. Mas e cadê a nossa valorização profissional? Eu pelo menos fiz um curso superior, numa área que escolhi e gosto de trabalhar, pra saber que o valor médio pago no mercado é de menos de dois salários mínimos? Parece piada.

Todos os dias saímos de casa sem saber que pauta iremos trabalhar, por isso "meu filho", diria o editor, venha sempre bem vestido. Mas nossa... São só R$ 900 para o aluguel, o busão, a alimentação e ainda tenho que vir arrumadinho?

É. Cada profissão tem sua peculiaridade. Nós jornalistas temos as nossas. Desde que entramos na universidade vem alguém dizer: "jornalista é jornalista 24h por dia, não tem essa de horário de expedinte". Ei, mas somos trablhadores. Precisamos nos qualificar, precisamos de qualidade de vida, nem mesmo a boemia de tempos atrás conseguimos manter pois falta a grana da cerva e o tempo pra jogar o papo fora na mesa do bar, pois para conseguir manter a dignidade, cada um de nós tem, no mínimo, dois empregos.

Nós, jornalistas do RN, estamos em campanha salarial. Nossos amados patrões acham que estamos bem demais, pois isso nos oferecem R$ 31,50 de aumento, além disso a gente anda descansando muito, pra que 4 folgas por mês? Uma tá de bom tamanho... E receber pra viajar? Ora, faça-me o favor. Quantos não gostariam de ter um trabalho que viajasse como o de vocês. ô povo pra reclamar de barriga cheia.

Nossa luta hoje é muito mais que salário. Nossa luta é contra a afronta que nos está sendo feita. É contra o absurdo que é o assédio moral que enfrentamos diariamente nas redações. É contra o abuso de poder dos que até ontem eram nossos colegas repórteres como nós.

Depois que entrei nessa luta já ouvi muita coisa. "Pra quê se meter nisso? Você não ganha só isso mesmo." ou "Você vai se queimar no mercado". É. Pode ser que tenham razão. Mas pra mim, ou mudamos essa realidade agora ou eu mudo de profissão. Porque um gari por essas bandas ganha R$ 1 mil. E podem ter certeza, medo do trabalho eu não tenho.

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